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Nasa: dos Estados Unidos para o espaço sideral

Do primeiro homem a pisar na Lua às pretensões de explorar asteroides, conheça a Nasa e a sua história

Por Thais Morimoto (thais.am@usp.br)

Nos últimos meses, a National Aeronautics and Space Administration (Nasa), em português Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, tem se destacado na mídia diante de tantos projetos, como a Missão Artemis 2, com um homem negro e uma mulher pela primeira vez entre os tripulantes para missão à Lua. Toda a tecnologia espacial desenvolvida e usada pela organização nesses projetos é apenas uma pequena amostra de tudo que a agência espacial já desenvolveu e conquistou ao longo dos mais de 60 anos de sua história. 

Origem

A Nasa nasceu em 1º de outubro de 1958 em meio à corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética (URSS) durante a Guerra Fria. Após o lançamento do primeiro satélite artificial do mundo e o envio da cadela Laika ao espaço sideral pelos soviéticos, o então presidente norte-americano Dwight David Eisenhower e seu  governo investiram na criação da Nasa para não ficarem para trás na exploração e no uso do espaço. 

Mas a história da agência começa antes, em 1915. Nesse ano, o Comitê Consultivo Nacional para Aeronáutica (Naca) foi fundado para pesquisar sobre problemas relacionados ao vôo. A partir dessa data, a Naca desenvolveu novas tecnologias aeronáuticas, como o primeiro avião supersônico do mundo. Os esforços, contudo, não foram suficientes para os Estados Unidos se tornarem a maior potência na área espacial. 

Por isso, em 1958, a criação da Nasa foi determinada pela National Aeronautics and Space Act, em português Lei Nacional de Aeronáutica e Espaço, aprovada pelo Congresso Nacional norte-americano. A nova agência surgiu a partir da incorporação da Naca e outros programas e agências existentes, notavelmente o Laboratório de Propulsão a Jato do Exército (JPL) e o Redstone Arsenal em Huntsville, Alabama.

Em 1931, os hangares da Naca se localizavam em Hampton, na Virgínia. Atualmente, o espaço é o Centro de Pesquisa Langley da Nasa [Imagem: Reprodução/Nasa]

Concorrentes e aliados

Com o fim da URSS e, consequentemente, da Guerra Fria, os Estados Unidos pareciam ter espaço para desenvolver tecnologias espaciais isoladamente. Mas a Rússia, ex-URSS, não deixou de ser uma rival da organização, e a China começou a investir em tecnologia espacial para mostrar o seu poderio. Além deles, Coreia do Sul, Japão, Índia e Emirados Árabes Unidos buscam, atualmente, o seu lugar na área, conforme apurado na reportagem do Jornal da USP

No século 21, iniciativas privadas perceberam a lucratividade da exploração espacial e, com objetivos próprios, se fortaleceram. SpaceX, de Elon Musk, e Blue Origin são duas das muitas empresas privadas que passaram a disputar com a agência espacial norte-americana.

Mesmo que sejam concorrentes, acordos entre a Nasa, empresas e outras agências ocorrem para o desenvolvimento de novas tecnologias e o apoio mútuo na exploração espacial, como na nova missão à Estação Espacial Internacional (SSI), feita pela Nasa e pela SpaceX. 

Feitos e conquistas 

Com diversos projetos e programas espaciais, os mais de 60 anos da Nasa foram marcados por muitos feitos e conquistas. 

Ham, o primeiro chimpanzé a viajar pelo espaço sideral, foi colocado a bordo de um foguete pela Nasa numa época em que ainda era comum que animais fossem usados para testes. O evento fez parte do Projeto Mercury, o primeiro de alto impacto da Nasa, que originou o documentário Projeto Mercury: os Sete Escolhidos, da National Geographic. Em 1969, a agência norte-americana foi responsável por levar o primeiro humano à Lua. Por meio da missão Apollo 11, Neil Armstrong, seguido por Buzz Aldrin, pisaram no satélite natural da Terra em 20 de julho. Descrito como “um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade” por Armstrong, o evento amplamente comemorado pelos norte-americanos não foi bem recebido por todos. Surgiram teorias da conspiração que negavam o feito, mesmo com todas as provas adquiridas pela Nasa. Mas, nos últimos anos, a visão sobre o evento tem mudado, com a ajuda do documentário não-ficcional Apollo 11, que conta com a participação dos astronautas envolvidos na missão.

Imagem divulgada pela Nasa da chegada do homem à Lua em 1969. As pegadas e a bandeira balançando são alguns dos elementos que geraram dúvidas na oposição. [Imagem: Reprodução/Nasa]

O desenvolvimento de tecnologias para a exploração espacial também envolve os satélites artificiais. Esses equipamentos possuem relevância econômica, política e social e são usados principalmente na obtenção de dados e imagens da superfície terrestre e na comunicação, ao fornecerem sinal de celular, internet e televisão.

Além de aprimorar a comunicação a longa distância, a exploração e pesquisas espaciais relacionadas aos satélites artificiais levaram ao desenvolvimento da Estação Espacial Internacional (ISS), que começou a ser construída em 1998 e terminada oficialmente em 8 de julho de 2011. A ISS é a maior estrutura já montada no espaço pelos seres humanos e é monitorada pelas agências espaciais dos Estados Unidos, Rússia, União Europeia, Japão e Canadá. A estação marca a presença definitiva de pessoas no espaço sideral.

Outro equipamento desenvolvido por meio de um esforço coletivo foi o telescópio espacial Hubble, que não é um simples equipamento de observação daquilo que está distante de nós. Na realidade, trata-se de um satélite artificial com um telescópio. Lançado e implantado em 1990, o objeto vem, desde então, capturando imagens mais precisas daquilo que compõe o universo, como planetas, estrelas, satélites naturais e outras galáxias. 

A Nebulosa da Águia demonstra a capacidade do Hubble de capturar imagens impressionantes em luz visível (esquerda) e infravermelha (direita). [Imagem: Reprodução/Nasa, ESA/Hubble & Hubble Heritage Team]

Tragédias

As conquistas e os feitos não são os únicos que marcam a história da Nasa. Infelizmente, alguns acidentes fizeram parte dos 62 anos da agência. 

Um dos mais notáveis foi o incêndio que matou os astronautas Virgil Grissom, Edward White e Roger Chaffee durante um teste em 27 de janeiro de 1967. A causa do fogo foi um curto-circuito dentro da cabine de comando da espaçonave que seria usada na missão. Os três astronautas e a equipe que acompanhava o teste fora do foguete não conseguiram liberar a saída a tempo. Quando o módulo do comando finalmente foi aberto, menos de 13 minutos depois do aviso verbal dado pela tripulação sobre o incêndio, os três astronautas já estavam mortos. O teste fazia parte da Apollo 1, a primeira que seria tripulada pela Nasa. 

Anos depois, a explosão de um ônibus espacial, o Challenger, em 1986, matou todos os sete tripulantes, entre eles a professora Christa Sharon McAuliffe, que seria a primeira civil estadunidense a viajar para fora da Terra. O acidente ocorreu após pouco mais de um minuto do lançamento do ônibus espacial, quando um defeito em um dos anéis de vedação do foguete propulsor deixou escapar combustível e causou a explosão, desintegrando a nave e os destroços. Esse acontecimento é narrado e explicado na série documental Challenger: Voo Final

A explosão de outro ônibus espacial, o Columbia, em 2003, também matou todos os tripulantes. Ao sobrevoar a região do Texas, poucos minutos antes de pousar na Flórida, uma fissura na asa esquerda da nave provocou o aumento do calor no local, o que causou a destruição da asa e, consequentemente, a explosão do ônibus espacial. 

A Nasa hoje

A Nasa teve orçamento anual de US$ 23,2 bilhões no ano fiscal de 2021 e gerou mais de US$ 64,3 bilhões em produção econômica total no exercício de 2019, como é possível verificar no site da instituição. Atualmente é a agência espacial mais poderosa do mundo e tem aparecido com destaque na mídia em 2022. 

Um dos fatores são as imagens do super telescópio James Webb, sucessor do Hubble e desenvolvido pela Nasa, Agência Espacial Europeia (ESA) e Agência Espacial Canadense (CSA). De forma mais precisa e detalhista, o novo equipamento consegue capturar fotografias ainda mais reveladoras do universo e de seus fenômenos.

A primeira imagem com cores feita com o James Webb que foi divulgada  é a fotografia mais detalhada do universo até o momento [Imagem: Reprodução/Nasa, ESA, CSA, and STScI]

Outra missão grandiosa feita pela Agência foi o DART, o desvio da rota de um asteroide por meio de colisão com uma aeronave. O feito ocorreu em setembro do ano passado, a primeira vez que a humanidade alterou a trajetória de um corpo celeste. 

As sucessivas falhas na missão Artemis também foram um destaque da Nasa em 2022. Problemas técnicos e condições meteorológicas desfavoráveis adiaram os planos da organização de voltar à Lua, o que finalmente ocorreu em 16 de novembro. 

O futuro 

O programa Conceitos Avançados Inovadores (Niac) financia projetos inovadores e tecnológicos que possam mudar a forma como o espaço é explorado. A Nasa espera colocar algumas ideias em prática e conseguir, assim, novas tecnologias, como robôs que mudam de forma e coletores de lixo espaciais. 

O Niac mostra que a Agência pretende se manter como referência na exploração espacial. Com a intenção de continuar com a busca por vida em outros planetas e as tentativas de tornar habitável outros lugares fora da Terra, a Nasa tem vários planos para o futuro.

A missão Artemis planeja retornar à Lua. A próxima missão deverá ocorrer em 2024 e, em 2025, os seres humanos devem finalmente pousar no satélite natural da Terra. A partir desse momento, a organização planeja fazer missões anuais, com os objetivos de testar tecnologias para enviar os primeiros humanos a Marte, e para instalar um módulo de comando lunar, o Gateway. 

A Nasa também confirmou duas missões envolvendo asteroides para outubro de 2023, batizadas como Psique e Janus, nome dos asteroides. Avaliada em US$ 10 quadrilhões, só a primeira rocha contém mais ouro que todo o mercado global atualmente, despertando interesses de grandes empresas privadas, como a SpaceX. Mas, inicialmente, a intenção da Nasa é apenas estudá-los.

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