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Amizade e beisebol: a receita perfeita

Hamburgueria apresenta aos clientes um ambiente agradável e uma aula sobre o esporte

Em um país no qual o futebol domina o âmbito esportivo, outras modalidades também são populares — dentro de seus limites —, como o basquete, o vôlei e até o tênis. Mas já imaginou um restaurante temático de um esporte considerado amador no país? 

O começo

Apesar de pouco popular, o beisebol conquista o coração de muitas pessoas pelo Brasil, como é o caso dos amigos Daniel Silva, Jun Sato e Marcelo Kenji. Apaixonados pelo esporte, todos tiveram uma trajetória parecida: por influência da família, começaram a praticar o beisebol desde a infância e tiveram o sonho de se tornar jogadores profissionais. 

Porém, apesar de todos terem integrado a seleção brasileira, eles abandonaram a carreira amadora quando adultos devido à falta de estrutura e de suporte no país. Segundo Marcelo, um jogador amador de beisebol basicamente paga para jogar, pois não há investimento, o que desencoraja a grande maioria dos brasileiros que se aventuram no esporte.

“São pessoas que amam o beisebol, trabalham em seus empregos de segunda à sexta e se reúnem nos finais de semana para jogar” diz Marcelo, reiterando a paixão que os jogadores possuem pela prática, mesmo com as adversidades.

“Depois dos treinos, era tradição a gente se juntar para tomar uma cerveja e conversar”, conta Marcelo, que depois de jogar na seleção chegou a ser dirigente da CBBS (Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol) [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Esses obstáculos fizeram com que o sonho de se tornar profissional acabasse ficando para trás, mas a admiração seguiu mais forte que nunca. 

Em 2016, Daniel Silva, formado em gastronomia, decidiu unir duas de suas paixões: o beisebol e a cozinha. Em um posto de gasolina, ele abriu o The Captain, uma pequena hamburgueria temática para transmitir os jogos e atrair o público para o esporte. A lanchonete fez sucesso e ganhou até um artigo internacional.

Jornal enquadrado da matéria realizada pela mídia norte-americana sobre a primeira hamburgueria aberta pelo Daniel [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Menos de um ano depois, Marcelo e Jun se juntaram com o amigo para expandir o sonho e honrar essa paixão de outra forma, e assim nasceu a The Pitchers.

O Beisebol no Brasil

O esporte apareceu no país tupiniquim no final do século 19 com a vinda de imigrantes norte-americanos e até ganhou uma certa popularidade na época, em especial na capital paulista e no Rio de Janeiro. Porém, a influência japonesa, advinda da chegada de imigrantes nipônicos antes da Primeira Guerra Mundial, foi essencial para a consolidação do beisebol no Brasil.

Mesmo sendo uma prática antiga no país, o beisebol não conseguiu se popularizar de maneira a se tornar autossustentável. Com isso, mesmo após mais de cem anos, ainda é considerado amador.

Atualmente, existe uma dualidade muito forte dentro do esporte: a falta de investimento e de estrutura e o crescimento do número de atletas brasileiros talentosos — que, consequentemente, são exportados para jogar em ligas estrangeiras.

Devido ao alto custo — os equipamentos são todos importados — é praticado basicamente nas regiões que possuem ou possuíram colônias japonesas, em especial no estado de São Paulo, no norte do Paraná e no Mato Grosso. Mas mesmo nessas localidades não existe um incentivo para que pessoas comecem a prática, muito menos uma cobertura midiática sobre as partidas oficiais.

Mesmo com as dificuldades, alguns brasileiros se destacam e conseguem jogar em ligas tradicionais pelo mundo, como é o caso de Yan Gomes, de Paulo Orlando e de Thyago Vieira — todos são conhecidos dos sócios do The Pitchers e deram presentes que fazem parte da decoração do restaurante — que tiveram a oportunidade de jogar a MLB (Major League Baseball), a liga profissional de beisebol dos Estados Unidos.

Além disso, a seleção brasileira de beisebol é considerada emergente na América do Sul, já tendo conquistado oito títulos do Campeonato Sul-Americano de Beisebol — três vezes neste século — e atualmente ocupa a 21ª colocação do ranking mundial.

Quadro autografado da seleção brasileira de beisebol de 2011, em foto tirada durante torneio [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

O Ambiente

A casa fica localizada na rua Dr. Bacelar, no bairro Vila Clementino, a dez minutos da estação Hospital São Paulo, da Linha 5-Lilás. Em um ambiente intimista, a decoração temática chama atenção e desperta a curiosidade sobre o esporte. “A maior parte da decoração a gente ganhou de presente de clientes que viajaram e trouxeram, e de muitos jogadores brasileiros também” afirma Marcelo. 

Decoração do ambiente com objetos recebidos dos clientes [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Logo na entrada, encontramos camisas autografadas por diversos jogadores brasileiros que hoje atuam nas ligas internacionais. Nas paredes, também é possível ver algumas blusas penduradas, junto a fotos e a quadros que nos deixam ainda mais imersos na história do esporte.

O espaço é um pouco pequeno, mas não o suficiente para ser apertado. De todas as mesas é possível ter uma visão do bar, onde são preparados os drinks. É um ambiente propício para um encontro casual entre amigos, onde a atmosfera aconchegante nos deixou à vontade para passar horas conversando enquanto experimentávamos a comida.

Cardápio de dar água na boca

Além do ambiente e da história, é preciso falar também sobre o menu. Com opções variadas, a lista promete agradar desde aqueles que buscam um hambúrguer simples e gostoso até os que desejam experimentar diferentes combinações.

Começando com as entradas da casa, a Jornalismo Júnior experimentou duas das cinco porções disponíveis: as Asinhas Hot (R$28,90) e as Fritas Rústicas com queijo Tulha (R$30,90). Além disso, também foram provados alguns dos pratos mais pedidos da casa: Dog Out, Bulgogi Burger — hamburger temático do mês —, Cheddar Mogiana Bacon e o Cheese Salad Bacon. Uma curiosidade interessante é que todos os hambúrgueres têm 144g de carne, o mesmo peso de uma bola de beisebol!

Porções de entrada: Asinhas hot e Fritas Rústicas com queijo Tulha. Todo o queijo usado na hamburgueria é fresco, adquirido da Fazenda Atalaia [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Os aperitivos estavam extremamente saborosos. As nove asinhas pequenas, apesar do Hot no nome, são apimentadas na medida certa, sem o desconforto da ardência extrema. As fritas também não deixaram a desejar: a porção é muito bem servida e o queijo que vem por cima é altamente viciante.

Em seguida, experimentamos o Dog Out (R$22,90). A receita é a do já conhecido American Dog, mas com um molho especial de pepino. Apesar de diferente, o prato apresenta sabores que jamais pensaríamos em combinar. O molho é refrescante e agrega muito ao sabor.

O pão tostado e a linguiça são saborosos por si sós, mas o molho é um espetáculo à parte [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Logo depois, partimos para o Bulgogui Burger (R$52,80), hambúrguer temático do mês. Feito em homenagem ao jogador Bo Takahashi, o primeiro brasileiro a assinar com a Liga Coreana de Beisebol, o lanche foi desenvolvido em parceria com a Casa Béni (restaurante de comida sul-coreana). Com smashed suíno, bulgogui com panceta, maionese com Gochujang e folha de gergelim, o prato traz uma combinação de sabores que surpreendem ao fugir do tradicional. 

Bulgogui Burger: um lanche nada comum [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Por ser recheado com um smashed e ser bem servido, o lanche é um pouco difícil de ser manuseado e pode fazer uma pequena bagunça na hora de comer.

Experimentamos mais dois burgers populares do cardápio: Cheddar Mogiana Bacon (R$43,90) e Cheese Salad Bacon (R$43,90). 

O Cheddar Mogiana Bacon é um sanduíche com queijo mogiana, maionese da casa e bacon, que, mesmo sem salada, não perde em nada no sabor. É uma ótima opção para quem não gosta de alface e de tomate, mas ainda quer um lanche saboroso.

O Cheddar Mogiana Bacon é um lanche que utiliza o queijo mogiana da fazenda Atalaia, algo que dá um diferencial para um lanche “comum” [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

Já o Cheese Salad Bacon, feito com queijo prato, lembra o último sanduíche, mas, desta vez, com a salada marcando presença. Por ser um pouco grande, também é um pouco difícil de manusear caso seu objetivo seja comer sem sujar o rosto.

Hambúrguer que combina sutileza e qualidade, esse é o Cheese Salad Bacon. [Imagem: Acervo pessoal/Júlia Helena]

A Experiência

Em geral, os lanches experimentados pela Jornalismo Júnior estavam saborosos e bem servidos. Por serem maiores que hamburguers mais convencionais, pode ser um pouco difícil descobrir por onde começar a saborear os burgers. A equipe acabou com o rosto sujo, mas com um estômago muito feliz. O ambiente é agradável e os preços são condizentes com a comida servida e com a faixa entre as hamburguerias de São Paulo. O total de tudo que experimentamos ficou em R$223,30, mas vale ressaltar que estávamos em três pessoas.

Considerando todos os aspectos, a The Pitchers Burger and Baseball é uma ótima opção para quem quer conhecer mais sobre um esporte diferente ou busca um lugar com comida boa para experimentar.

Imagem de capa: Acervo pessoal/ Júlia Helena

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