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Cleópatra: A rainha que nasceu para governar 

A nova série da Netflix conta a história da faraó do Egito de forma emocionante e polêmica

A Netflix lançou, em maio, a série documental Rainha Cleópatra (2023), que faz parte da franquia “Rainhas Africanas”. O documentário conta com quatro episódios, e combina a narração de historiadores e estudiosos com a encenação de Adele James.  A escolha da atriz gerou discussões antes mesmo do lançamento do seriado, já que ela não é da mesma etnia que a rainha.

A série foi inovadora por representar Cleópatra como uma mulher não-branca, o que não é usual nas produções já vistas. O filme Cleópatra (1963), por exemplo, teve como protagonista a atriz Elizabeth Taylor, que representava a visão eurocentrista da história egípcia.

Imagem de Elizabeth Taylor vestida como Cleópatra. Ela usa um vestido vermelho de um ombro só e sem mangas. Além disso, ela também está usando um par de brinco e um colar grande de ouro. Seu cabelo está preto e ela usa um artefato na cabeça de ouro em formato de águia. Sua maquiagem é marcada pelo traço egípcio, característico da rainha
O filme de 1963 ganhou o Óscar e é uma das representações mais conhecidas da rainha [Imagem: Reprodução/Flickr]

 O documentário busca mostrar a visão da Cleópatra da história, retratando desde sua ascensão ao trono com seu irmão, as disputas de poder com sua família, até a queda do império egipcio e seu suicídio. Além disso, é retratado seus feitos para o país, mas, principalmente, seus relacionamentos políticos e amorosos, sendo o  primeiro com Júlio César, célebre líder romano, e, posteriormente, com Marco Antônio, sucessor dele.

Ela tinha o povo!

 A versão da Cleópatra apresentada na série é de uma mulher forte, determinada, estudiosa, inteligente e estratégica, que valorizava as artes e a diplomacia, mas, acima de tudo, valorizava seu povo. O contato que ela buscava com os egípcios não era comum dos líderes da época, o que a tornou especial aos olhos da história do país africano.

O seriado constrói uma imagem humanizada da rainha, mostra seus feitos históricos, suas motivações e suas paixões. Os envolvimentos amorosos dela se iniciam apenas com intuito político de beneficiar o Egito, porém acabam se tornando algo mais profundo. Esses relacionamentos são tratados nas encenações de forma sentimental e romântica, trazendo assim uma visão subjetiva sobre os acontecimentos, já que os sentimentos que eles atribuem à Cleópatra são interpretações.

A atriz Adele James como Cleóptra e seu par romântico Marco Antonio, interpretado Craig Russel, encostando a cabeça de maneira romântica. Os dois estão vestidos com roupas da época
Representação na série do relacionamento de Cleópatra e Marco Antônio, interpretado por Craig Russell [Imagem: Divulgação/Netflix]

A visão subjetiva traz um caráter de dramatização para a obra, o que torna os episódios envolventes e fluidos. Ela evidencia o sentimento de imersão com a série, fazendo com que o internauta não perceba que um episódio está prestes a acabar. Entretanto, essa subjetividade não é recomendada por se tratar de um documentário. 

Falsificação da história

Apesar da ótima atuação de Adele, a escolha da atriz foi criticada antes mesmo do lançamento da série. O fato da Cleópatra ser representada como uma mulher negra foi apontado como uma “falsificação da história”. Isso porque a série afirma que ela era preta, o que nunca foi comprovado, de acordo com historiadores. 

A revolta contra a plataforma resultou em um processo judicial. Segundo o jornal egípcio, Egypt Independent, o advogado Mahmoud Al-Semary iniciou uma ação no Ministério Público contra a Netflix, com o intuito de desligar a plataforma do país. O jornal declarou que  o advogado egípcio exigiu que ações legais fossem tomadas contra os responsáveis pelo documentário. Mahmoud considerou a representação como um crime contra a história de seu país.

Adele James colocando a coroa da rainha. A imagem foca na sua face colocando a coroa em sua cabeça. Ela está com dois braceletes dourados, assim como a coroa que também apresenta duas serpentes. Ela usa um brinco dourado redondo  e sua maquiagem é azul e dourada assim como a egípicia comum
Cleópatra, muitas vezes, era representada como uma personificação da deusa Ísis [Imagem: Divulgação/Netflix]

Além do processo, diversos historiadores e políticos criticaram a produção, inclusive o Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. O Órgão diretamente ligado com o governo do país fez uma declaração rejeitando o seriado, já que segundo eles, Cleópatra tinha traços helenísticos – gregos. “A aparição da heroína é uma falsificação da história egípcia e uma flagrante falácia histórica, até porque a série é classificada como documentário e não uma obra dramática”, declarou o Secretário Geral Mostafa Waziri.

A atriz sofreu diversos comentários racistas, e em seu pronunciamento, ela defende a série como algo muito maior do que a cor da rainha. “Eu acho que tenho todo o direito de tentar humanizar essa mulher incrível -Cleópatra-”, declarou a atriz em entrevista para a revista Glamour UK. Além disso, ela diz que é inaceitável e prejudicial a forma como ela e todo o elenco do documentário está sendo tratado desde o anúncio da série.

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A aparência da Cleópatra até hoje é um mistério, porque sua dinastia – Ptolomeus – não é egípcia. A descendência da faraó tem origem após a morte de Alexandre, o Grande, que conquistou o território do Egito em 334 a.C. e deixou a posse para seu general Ptolomeu I. Além disso, a mãe da rainha nunca foi identificada, o que dificulta o trabalho dos historiadores. Documentos da época também variam sua aparência.

[Imagem de capa: Divulgação/Netflix]

2 comentários em “Cleópatra: A rainha que nasceu para governar ”

  1. Maria Fernanda k Menezes

    Que resenha maravilhosa!! Deu vontade de ir assistir o documentário imediatamente, todos os detalhes e informações que fazem com que o público queira assistir.

  2. Caraca que matéria boa!! Eu vi a série e amei então comecei a ir atrás pra saber mais, não tinha noção de tudo isso!!!! ❤️❤️❤️❤️

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