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O culto à bunda grande

Do empoderamento à objetificação, os problemas da devoção aos glúteos

Bunda engaja, gera lucro, vende disco e revista. Kim Kardashian, Rita Cadillac, cirurgiões plásticos e a indústria musical são provas disso. O que pode parecer inofensivo constrói a imagem de pessoas fracionadas, que têm seus corpos utilizados como instrumentos do patriarcado. 

As mulheres-fruta são um símbolo da coisificação do sexo feminino e da adoração a aspectos físicos. Tratadas como objetos, sua denominação vem de algo barato e comestível. Assim, a função social e o valor que possuem para a sociedade já estão impressos em seus nomes. 

Enquanto isso, músicas e videoclipes que optam por abordar este tema geralmente se tornam hits. É o caso de Bum Bum Tam Tam (Mc Fioti), que recebeu mais de 1,6 bilhão de visualizações no Youtube. Ainda no cenário do Funk, Anitta e Luísa Sonza são frequentemente questionadas por suas vestes e performances pelos conservadores, que acreditam que as duas são um atentado ao pudor, e por algumas feministas, que consideram suas performances um reforço à ideia de que as mulheres se limitam à aparência.

Mas qual o problema? Os glúteos das brasileiras servem como atrativo para a visitação ao país. O resultado não é apenas a criação de estereótipos por parte dos estrangeiros, mas também o fortalecimento da misoginia e do turismo sexual. O fenômeno pode ser observado em duas camisetas com conotação sexual produzidas pela Adidas durante a Copa do Brasil — a estampa de uma delas era “I ❤ Brazil”, o coração possuía formato de uma bunda. Depois das críticas e notas de repúdio, o lançamento foi cancelado.

 

Uma mulher branca e loira olha para a câmera virada para trás. Está num elevador cinza com um espelho ao fundo e suas roupas são poucos tecidos pretos com furos em diversas partes, inclusive na bunda.
A cantora Luísa Sonza é criticada pelo uso de peças que mostram seu corpo. [Imagem: Reprodução/ Instagram @luisasonza]

A veneração, contudo, não está restrita ao Brasil: Kim Kardashian é um exemplo disso. A socialite, que tem sua fama associada ao seu corpo, foi ao Met Gala de 2021 com uma roupa que a cobria completamente. Mesmo desumanizada por não possuir um rosto aparente, ainda é possível identificá-la. O motivo? Suas marcantes silhueta e bunda.

Então, a exposição dos corpos é benéfica ou ruim? Depende. Existem mulheres que enxergam a possibilidade do empoderamento e amor próprio a partir de divas pops que usam roupas consideradas vulgares. Mas há outras que se sentem desconfortáveis e menos sensuais depois de se compararem com as artistas. O problema, no entanto, aparece quando o corpo a mostra só serve como manutenção da sociedade patriarcal. Ainda assim, as pessoas não devem ser culpadas pelo papel que lhes foi dado. É necessário um olhar atento para que a vítima não se torne a vilã. 

 

[Imagem de capa: Reprodução/clipe Vai Malandra ]

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