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Krakatoa: a mesma erupção, 137 anos depois

Em 27 de agosto de 1883, na ilha de Krakatoa, na Indonésia, ocorreu a segunda erupção vulcânica mais letal já documentada na história, que provocou a morte de milhares de pessoas e causou a destruição do bioma encontrado na região. Neste texto, o Laboratório  explora um dos principais desastres naturais da história e analisa quais …

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Em 27 de agosto de 1883, na ilha de Krakatoa, na Indonésia, ocorreu a segunda erupção vulcânica mais letal já documentada na história, que provocou a morte de milhares de pessoas e causou a destruição do bioma encontrado na região. Neste texto, o Laboratório  explora um dos principais desastres naturais da história e analisa quais seriam os impactos de uma explosão das mesmas proporções e na mesma região se ela se repetisse hoje. 

A Indonésia, país em que se localiza a Ilha de Krakatoa, era, no final do século 19, colônia holandesa. Naquela época, as ilhas que compunham o país levavam o nome de Índias Orientais Neerlandesas e possuíam população de aproximadamente 45 milhões de habitantes, de modo que o desastre de 1883 tenha provocado a morte de 36 mil pessoas. Atualmente, a Indonésia apresenta uma população de 267 milhões de pessoas. Uma erupção de tamanha magnitude hoje, se a relação população-vítimas se mantivesse proporcional, provocaria mais de 213 mil óbitos. 

É complicado, porém, assumir que desastres naturais possuem impactos proporcionais em momentos históricos distintos. Segundo a geóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Geologia  Letícia Guimarães, o risco de um desastre natural deve ser mensurado através de parâmetros como exposição, que considera o número de pessoas expostas à erupção, e resiliência, que remete à capacidade daquela sociedade vulnerável de resistir ao desastre. Nesse sentido, por mais que a população da região tenha crescido, é preciso considerar também o avanço tecnológico, que oferece maior proteção nestes casos. Ainda segundo a geóloga, o impacto das erupções vulcânicas deve ser considerado para além do número de óbitos. A erupção do Krakatoa traria danos à agricultura local, comprometeria os sistemas viários e de comunicação.

Além disso, as atividades tectônicas relacionadas a uma erupção vulcânica de tal magnitude podem provocar o afundamento do assoalho oceânico, e, por consequência, gerar tsunamis que atingiriam regiões em um raio de 3.5 quilômetros de distância, chegando ao noroeste da Austrália e ao sudeste da Índia. Entre as cidades que seriam possivelmente afetadas pelas ondas está Jacarta, a capital da Indonésia, onde vivem mais de dez milhões de pessoas.

Uma erupção como a de 1883 seria igualmente catastrófica para o ecossistema da região. Em um primeiro momento, a lava expelida pelo vulcão destruiria a cobertura vegetal da ilha e os tsunamis provocados pela atividade tectônica teriam um impacto significativo na fauna e na flora local. Jodir Pereira da Silva, biólogo e doutor em oceanografia pela USP, apontou que uma erupção dessa magnitude teria ainda mais consequências. Entre elas, estão o bloqueio dos raios solares por parte da fuligem liberada – o que comprometeria o processo fotossintético e, consequentemente, a base da cadeia alimentar da região – e o incremento de óxidos de carbono (CO e CO2) e de enxofre (SO2 e SO3), que provocaria um aumento na incidência de chuvas ácidas. Essas chuvas são responsáveis por alterações nos ambientes aquáticos de água doce e pela acidificação do solo, consequências que podem provocar a morte de espécies animais e vegetais.

Perguntado sobre como um desastre natural com essas proporções poderia afetar a fauna e na flora da região através de mecanismos da seleção natural, Silva respondeu: “Acho difícil prever como alterações deste tipo poderiam afetar mecanismos de seleção natural, mas estou certo de que, nestes momentos de grandes alterações ambientais, os mais aptos levarão vantagem, com certeza”. De acordo com o biólogo, é possível prever que as espécies em que se nota maior variabilidade genética terão maiores chances de deixar descendência.

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