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Observatório: O Novel do Nobel 2019

O Prêmio Nobel de 2019 foi marcado por premiações relevantes, e também, controversas. Desde premiados com posicionamentos polêmicos à responsáveis por significativas pesquisas no combate à pobreza. O histórico do Nobel é ambíguo, e este ano não foi diferente. Leia sobre cada premiado à seguir, no texto do Observatório: Literatura A Academia Sueca anunciou na …

Observatório: O Novel do Nobel 2019 Leia mais »

O Prêmio Nobel de 2019 foi marcado por premiações relevantes, e também, controversas. Desde premiados com posicionamentos polêmicos à responsáveis por significativas pesquisas no combate à pobreza. O histórico do Nobel é ambíguo, e este ano não foi diferente. Leia sobre cada premiado à seguir, no texto do Observatório:

Literatura

A Academia Sueca anunciou na quinta-feira (9) os vencedores do Nobel da Literatura — Olga Tokarczuk, referente ao prêmio de 2018 e Peter Handke, escritor austríaco que recebeu o troféu de 2019. Este último trouxe à tona polêmicas passadas envolvendo Handke, como seu apoio aos sérvios na Guerra dos Balcãs. 

Tanguy Baghdadi, especialista em Política Internacional, reforça o ponto de que o prêmio é relacionado estritamente à Literatura, mas traz a ressalva de que os posicionamentos controversos de Peter devem ser levados em consideração sim e que a premiação do autor é uma forma de dar luz a discussão. A decisão da Academia pode ainda acarretar em problemas para a própria, a partir das severas críticas que estão sendo direcionadas aos critérios de escolha do comitê deste ano. 

Vencedores dos prêmios Nobel de Literatura de 2018, Olga Tokarczuk, e 2019, Peter Handke. Foto: Beata Zawrel e Georg Hochmuth/AFP

Paz

A corrida pelo 100º Nobel da Paz colocou muitos personagens importantes em jogo. Raoni Metuktire, líder indígena caiapó, e Greta Thunberg, jovem branca sueca, eram os favoritos da premiação. Os dois foram reconhecidos pelas suas lutas pela preservação ambiental. “Ter pessoas que falam e lidam com isso é uma forma de garantir a paz. Mas repare que não é uma paz como apenas ausência de guerra, mas como algo que consolida uma paz duradoura”, afirma Tanguy. 

Quem levou para casa o prêmio foi Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro da Etiópia e responsável por colocar fim a um conflito de 20 anos com a região da Eritreia — parte do território etíope até 1993, quando conquistou sua independência.

Sobre a premiação deste, Tanguy reforça o seu conceito de paz duradoura: “hoje uma guerra entre Etiópia e Eritreia é muito mais improvável do que era antes de Abiy Ahmed Ali ascender ao poder. Isso é muito valorizado, você tem uma percepção do que é a paz. A paz é construída por ações pontuais, não são as grandes ações, os grandes reordenamentos do sistema internacional, mas sim ações específicas direcionados para temas específicos”. 

Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, e o presidente da Eritreia, Isaias Afewerki, comemoram a reabertura da Embaixada da Eritreia na Etiópia. Foto: Michael Tewelde/AFP

Economia

Com estudos relacionados ao combate à pobreza e ao desenvolvimento de ações mais eficazes no campo da saúde infantil e desempenho escolar, Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer receberam o prêmio Nobel de Economia de 2019. 

O trio foi responsável por trazer uma nova metodologia de atuação acerca das questões relacionadas à extrema pobreza. Em 2003, eles fundaram o Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab, um laboratório especializado no desenvolvimento de estatísticas para o auxílio de políticas públicas. 

Como explica a Academia, sua premiação se dá por sua “abordagem experimental da redução da pobreza”. Seus estudos já foram aplicados na Índia e no Quênia. Em toda a história da premiação, Esther Duflo é a segunda mulher a receber o Nobel de Economia. 

Química

Anteriormente à premiação de 2019, o homem mais velho a receber um Nobel havia sido Arthur Ashkin, laureado aos 96 anos de idade. Contudo, um dos vencedores do prêmio de química desta edição, o americano John B. Goodenough, rompeu o recorde conquistando o troféu aos 97 anos. 

Junto ao britânico M. Stanley Whittingham e ao japonês Akira Yoshino, John foi laureado pelo desenvolvimento de baterias de íons de lítio, hoje usadas em celulares, notebooks e carros elétricos. Apesar da premiação ocorrer em 2019, a descoberta foi realizada nos anos 70.

Stanley foi responsável pelo pontapé inicial: criou uma bateria com um cátodo (polo positivo) feito de dissulfeto de titânio e um ânodo (polo negativo) de lítio metálico. Cerca de 10 anos depois, em 1980, John otimizou a fórmula, trocando o sulfeto por um óxido de metal. A partir desta mudança foi possível aumentar o potencial da bateria.

Cinco anos depois, em 1985, utilizando como base as descobertas anteriores, Akira criou a primeira bateria de íons de lítio comercialmente viável: substituiu o material utilizado no ânodo por coque de petróleo, que também é capaz de armazenar os íons de lítio. Como desfecho, o mundo ganhou um modelo de bateria  que é leve e resistente, ao mesmo tempo.

Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, e o presidente da Eritreia, Isaias Afewerki, comemoram a reabertura da Embaixada da Eritreia na Etiópia. Foto: Michael Tewelde/AFP

Medicina

O Brasil também esteve representado entre as equipes vencedores do prêmio. Joanna Darck Carola, bióloga piauiense, integrou o grupo de pesquisa do britânico Sir Peter Ratcliffe, que conquistou o Nobel de medicina 2019 ao lado dos americanos William Kaelin e Gregg Semenza.

O estudo dos três buscou ampliar o entendimento sobre o funcionamento das células, mais especificamente em relação aos mecanismos de detecção e adaptação à disponibilidade de oxigênio. A descoberta foi realizada nos anos 90, portanto, hoje já é aplicada em alguns tipos de tratamento, por exemplo, contra anemia.

Segundo o comitê do Nobel, a pesquisa pode ainda acarretar em estratégias de combate  a algumas formas de câncer — principalmente tumores que crescem em ambientes com baixa quantidade de oxigênio e que são bastante agressivos, como os de cabeça, pescoço e colo de útero.

Física

Já o prêmio de física, anunciado na quarta-feira (8), premiou os suíços Michel Mayor, Didier Queloz e o canadense-americano James Peebles. Eles foram laureados por, além de descobrir o primeiro planeta fora do Sistema Solar que orbita uma estrela semelhante ao Sol, contribuir na melhor compreensão do universo.

O planeta, nomeado 51 Pegasi b, foi descoberto em 1995. Ele é um astro gasoso que possui cerca de 150 vezes a massa da Terra (tamanho próximo ao de Júpiter). Ao contrário do maior planeta do sistema solar, entretanto, este recém descoberto só precisa de 4 dias para dar a volta ao redor de sua estrela.

Imagem da estrela orbitada pelo 51 Pegasi b descoberto em 195 pelos ganhadores do Nobel de Física de 2019 Michel Mayor e Didier Queloz. Foto: Domínio público

Esta não foi o primeira premiação do Nobel a receber uma avalanche de críticas e, provavelmente, não será a última. Tanguy opina: “todo prêmio tem suas idiossincrasias, tem seus problemas, seus critérios esquisitos. Vemos isso em qualquer tipo de premiação, em qualquer instância, sempre tem escolhas que podem ser justificadas, mas nem sempre a gente vai considerar que são corretas”.

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