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Festival Varilux: As Filhas do Sol: Mulheres, vida e liberdade

Em exibição no anual Festival Varilux de Cinema Francês, As Filhas do Sol (Les Filles du Soleil, 2018) narra a história do batalhão de mulheres curdas que resiste contra os ataques do Estado Islâmico no território sírio. Conhecidos pela crueldade com as figuras femininas do Islã, a organização Jihadista acredita piamente que não alcançarão o …

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Em exibição no anual Festival Varilux de Cinema Francês, As Filhas do Sol (Les Filles du Soleil, 2018) narra a história do batalhão de mulheres curdas que resiste contra os ataques do Estado Islâmico no território sírio. Conhecidos pela crueldade com as figuras femininas do Islã, a organização Jihadista acredita piamente que não alcançarão o reino dos céus prometido por Alá se mortos por alguém do sexo oposto. Essa crença coloca o exército da YPJ (Unidade de Proteção Feminina, alinhada a resistência síria de proteção aos civis) numa posição estratégica contra a violência implantada em seu território.

No longa, a organização recebe o nome de “filhas do sol”, e tem como lema um grito forte e resistente “Mulheres, Vida e Liberdade”, que fala por um povo curdo oprimido e marginalizado desde sua independência do Império Otomano. O papel feminino na ação libertadora vai na contramão dos estereótipos atribuídos às mulheres árabes, derrubando a imagem de  submissa e substituindo-a por uma figura forte e protagonista da própria luta.

Bahar lidera o grupo de mulheres que lutam contra o Estado Islâmico [imagem: AdoroCinema]
O filme retrata o contato entre uma veterana jornalista de guerra, Mathilde (Emmanuelle Bercot), francesa que acompanha de perto os conflitos no Oriente Médio, e Bahar, uma soldada curda, ex escrava sexual do EI, que comanda um grupo de mulheres dispostas a sacrificar a própria vida em nome da liberdade de seu território. O clima de guerra e a perda de pessoas amadas aproxima muito as duas personagens, que juntas vão demonstrar a força e a unidade feminina em cenários de destruição e violência extremas.

Os lenços floridos ornando a cabeça completam a farda das combatentes. A jornalista pretende captar de perto as particularidades desse exército feminino, e quais são suas estratégias para sobreviver em meio ao caos. É possível perceber o laço se formando entre as duas protagonistas à medida que encontram intersecções em suas jornadas. O sentimento materno é uma delas:  motivadas pelo reencontro com seus filhos, ambas lutam para se manterem vivas.

Mathilde e Bahar conversam sobre seu passado e criam uma ligação [imagem: AdoroCinema]
As cenas que mostram a aridez de um deserto árabe, combinada a uma trilha sonora clássica e melancólica trazem dramaticidade para o enredo. Essa estratégia é uma das bases para a linha de tensão que se cria desde que Mathilde chega e começa a se envolver nos conflitos, até sua partida, quando promete a Bahar que relatará a verdade sobre sua luta. O uso de diferentes línguas nas falas  cria uma rede de comunicação entre os personagens. Os discursos que se entrelaçam têm origens muito diferentes e, mais que isso, passados muito distintos que os trouxeram ao mesmo lugar.

Outra característica de destaque é o protagonismo de atrizes árabes, enquanto a atriz europeia figura em segundo plano. Numa fuga de estereótipos, Filhas do Sol não só desacorrenta as mulheres islâmicas, como as apresenta fortes, destemidas e combativas. A atriz iraniana, Golshifteh Farahani vive com sensibilidade a líder desse grupo. Com uma interpretação impecável e importante para a representatividade, repete o feito de sua atuação em A Pedra da Paciência (Atiq Rahimi, 2014), que lhe rendeu indicações a importantes prêmios como melhor atriz.

As filhas do sol: um contraste entre as cores dos lenços e o peso das armas [imagem: AdoroCinema]
Filhas do Sol é uma homenagem a um grupo de mulheres de coragem incomparável. Por meio da sede de justiça e a irmandade entre si, doam suas vidas para uma luta que é de todas elas. A luz sob os conflitos da Síria, contados dessa maneira, traz a tona a resistência a uma opressão contra o povo e, principalmente, contra os direitos das mulheres. Sob o lema popular da luta curda está a filosofia de resistência: “Bernxwedan Jiyan” (“A Resistência é Vida”).

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