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Nobel de química Fraser Stoddart realiza palestra Minha Jornada para Estocolmo

No dia 8 de abril, o auditório do InRad em São Paulo recebeu o vencedor do Prêmio Nobel de Química Fraser Stoddart para falar sobre infância, carreira e o trabalho que o levou a uma das maiores condecorações científicas do mundo

Por Ramana R. Duarte
ramanarech@usp.br

“Identify a big problem, Stoddart” [“identifique um grande problema, Stoddart”]. Foi assim que Sir Edmund Hirst motivou, na Universidade de Edimburgo, o seu então aluno Fraser Stoddart a trabalhar com nanotecnologia e síntese de máquinas moleculares. Máquinas que, apesar de minúsculas, ao trabalharem juntas podem ser mais eficientes do que aquelas convencionais. Ao falar sobre os benefícios que elas conseguem trazer para a sociedade, o químico afirma que a sua pesquisa nunca foi sobre si mesmo, mas sim “sobre nós, sobre eles”.

Nascido em 1942, Stoddart cresceu em uma fazenda isolada próxima a capital escocesa, onde lhe foi proporcionado “um tempo maravilhoso”. Lá ele fala que foi estimulado a assumir riscos e a trabalhar duro. Disse ainda que sempre contou com o apoio de seus pais, cujos sacrifícios permitiram a educação do futuro vencedor do Prêmio Nobel. Após conseguir seu PhD em Edimburgo em 1966, decidiu ir para o Canadá, uma vez que achava a Escócia um país muito pequeno. Embora fosse filho único, sua mãe vibrou com a notícia, ao invés de ficar de “coração partido”.

Já na Universidade de Sheffield na Inglaterra, Fraser Stoddart publicou seu primeiro livro, intitulado Stereochemistry of Carbohydrates, aos 29 anos. Entretanto, para aqueles que pensam que tudo foram flores, ele revela que Sheffield foi difícil e estressante, em parte porque “não se sentia confortável com a cultura acadêmica local”. É somente em 1981 que Fraser retorna a Sheffield. Dessa vez mais confiante, passa a criticar o sistema e o dinheiro na mão de poucas pessoas: “De fato, eu era muito impopular”, disse ele, para a diversão da plateia.

Fraser Stoddart em seu palestra Minha Jornada para Estocolmo. [Imagem: Ramana R. Duarte]

O palestrante também lembrou diversos indivíduos, cujo apoio foi essencial para o seu trabalho. Dentre eles Donald Cram, fundamental na passagem de Fraser de Sheffield para o Corporate Laboratory em Runcorn no ano de 1978, vista por ele como “uma lufada de ar fresco”. Foi por volta desse período que passou a trabalhar com os MIM’s (Moléculas Ligadas Mecanicamente), os quais diferenciam-se por não terem ligações covalentes, mas mecânicas, permitindo o movimento das partes em relação às outras (www.nobelprize.org/prizes/chemistry/2016/sauvage/facts/). Isso, mais tarde, lhe renderia várias honrarias, como, por exemplo, conhecer a rainha da Inglaterra e receber um “Sir” antes do primeiro nome.

Quando foi capaz de enroscar um anel molecular a moléculas ligadas mecanicamente, de modo que a primeira conseguisse se movimentar em direção aos dois extremos, Stoddart deu um grande passo para o que seria “o primeiro motor molecular da história” (https://www.google.com/amp/s/revistagalileu.globo.com/amp/Ciencia/noticia/2017/07/fraser-stoddart-licoes-de-um-nobel-de-quimica.html) e, por isso, foi agraciado com um Prêmio Nobel de Química. Outro de seus projetos é o Olympiadane, o qual consiste de cinco macromoléculas interligadas. Recebeu este nome por conta de seu design, que lembra os famosos anéis olímpicos.

Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Solid-state-structure-of-Olympiadane-82-which-shares-its-topology-with-the-logo-of-the_fig8_51901451

Na esfera do matrimônio, Fraser Stoddart quebra expectativas ao contar que sua esposa não era “incrivelmente encorajadora” e que uma de suas muitas frases motivacionais direcionadas a ele era: “It is well seen that you were brought up in a farm” [bem se vê que você foi criado em uma fazenda]. Mudaram-se para Califórnia (Estados Unidos), a fim de ter acesso a um melhor tratamento de câncer, responsável por deixar Stoddart viúvo em 2004.

Por fim, o renomado cientista aconselhou aqueles que querem seguir seu caminho a não se deixar abater por críticas e a fazer coisas diferentes, usando a criatividade, pois, segundo ele, até mesmo na química é possível se expressar como um verdadeiro artista.

     

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