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Chapecoense: muito mais de dois anos de história

Por Mariana Arrudas Nunca foi só futebol, e nunca vai ser. Há dois anos, o Brasil inteiro parou ao saber o que tinha acontecido. No dia 29 de novembro de 2016, o avião que levava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín na Colômbia, caiu deixando 71 mortos – dentre eles, …

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Por Mariana Arrudas

Nunca foi só futebol, e nunca vai ser. Há dois anos, o Brasil inteiro parou ao saber o que tinha acontecido. No dia 29 de novembro de 2016, o avião que levava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín na Colômbia, caiu deixando 71 mortos – dentre eles, 19 eram jogadores do time, além de Caio Júnior, o técnico.

Era um ano grande, o time estava entre os 20 principais do país. Jogava contra clubes gigantes, dentro e fora do Brasil. A Chape estava pronta para ganhar a América, mesmo com um grande adversário pela frente, o Atlético Nacional, campeão da Libertadores daquele ano.

Mas então aconteceu, a alegria deu lugar à tristeza. Foi um dos acidentes mais trágicos da história do esporte. Ninguém queria realmente acreditar. Muitas pessoas que acompanhavam desde cedo tinham apenas a informação de que o avião estava desaparecido. Horas depois, vieram as notícias confirmando que o avião do vôo 2933 da LaMia havia caído.

No entanto, essa tristeza e comoção geral deu lugar à união, à solidariedade. Naquele dia não existiam times, não existia rivalidade. Éramos todos um: todos Chapecoense. Homenagens às vítimas explodiram pelo país inteiro, e os atletas, jornalistas, comissão técnica, dirigentes e tripulação ficaram marcados como heróis.

Muitos colocaram o filtro em suas fotos nas redes sociais, compartilharam textos de apoio, artes feitas para homenagear o time. Em muitos jogos que aconteceram após o acidente, foram feitas homenagens. Os torcedores levaram faixas com os nomes das vítimas, fizeram um minuto de silêncio antes do jogo começar, e até os próprios jogadores colocaram nomes do elenco da Chape em suas camisetas.

O Índio Condá ficou conhecido no Brasil inteiro, e o “mascote” xodó da torcida da Chapecoense, Carlinhos, ia assistir vários jogos fora de Chapecó. E foi assim, com muitas homenagens e união, que o coração do torcedor brasileiro tentava entender e aceitar o que tinha acontecido.

Charge publicada depois do acidente da Chape, com mascotes de clubes brasileiros. (Imagem: Diário de Pernambuco)

A Chape foi declarada campeã da Copa Sul-Americana. A pedido do Atlético Nacional, a Conmebol declarou a equipe catarinense como campeã. Tal decisão garantiu a Chapecoense na Libertadores de 2017 e também rendeu prêmios em dinheiro, além da participação na Recopa.

Em 2018, a Chape não está passando pelos melhores momentos, está brigando contra o rebaixamento. Mas isso não deixa a história desse time ser menos do que é. É sobre superação, sobre como os times se uniram nesse mesmo dia em 2016, mostrando como o esporte muitas vezes vai além de apenas competição.  

Dois anos se passaram e o time se reergueu, os sobreviventes se recuperaram, a vida continuou da forma mais bonita. O time preparou uma programação discreta para homenagear as 71 vítimas de 2016. Para esse ano, os portões da Arena Condá ficarão abertos para visitação, e será realizado um culto ecumênico. Além disso, na meia-noite do dia 28, um feixe de luz será acendido apontando para o céu, com o nome das vítimas na base.

Quanto aos atletas sobreviventes do acidente, o lateral Alan Ruschel voltou a jogar no ano passado, e foi titular na recente vitória da Chape sobre o Sport. Agora, aguarda, juntamente com sua esposa Marina, a chegada de Luca, seu primeiro filho.

Já o ex-goleiro Jakson Follmann casou com Andressa, virou embaixador do clube e se prepara para voltar ao futebol. É formado no curso de gestão pela CBF e abriu uma clínica para amputados na cidade, um local onde ele compartilha suas experiências.

E o zagueiro Neto, por sua vez, continua na caminhada para voltar aos gramados. Está na fase final de recuperação após cirurgias no joelho, segue fazendo sessões de fisioterapia com o médico da Chapecoense, Doutor Carlos Henrique Mendonça Silva, e tem expectativas de voltar a usar a camisa da Chapecoense ainda em 2019 – seu contrato com o time acaba em 2020. Enquanto não volta para o time, vê seu filho, Elan, que está dando os primeiros passos nas categorias de base da Chape.

Os outros sobreviventes, Ximena Suarez, comissária de bordo da LaMia, e Rafael Henzel, jornalista, também tomaram novos rumos. Ximena voltou a trabalhar em aeroportos e quer voltar a voar. Além disso, lançou um livro chamado “Volver a los cielos”. Henzel retornou às suas atividades como jornalista apenas 52 dias após o acidente, e também lançou um livro chamado “Viva como se estivesse de partida”, em maio do ano passado. O técnico do vôo, Erwin Tumiri, segue longe dos holofotes. É piloto particular na Bolívia e está estudando para ser piloto comercial.

E a vida seguiu. Dois anos após um acidente histórico, o sentimento que temos ao lembrar do que aconteceu ainda é o mesmo, mas o luto está aos poucos sendo superado com trabalho e cooperação. O que tiramos de tudo isso é a mesma frase com a qual esse texto foi iniciado: Nunca foi só futebol, e nunca vai ser.

 

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