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Slow fashion e a tomada de consciência da moda

Imagem: Carlos Ferreira/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior A indústria da moda tem muita importância econômica na maioria dos países, causando grande impacto na sociedade e no planeta. Com isso em mente, algumas pessoas começaram a refletir mais sobre o funcionamento desse mercado e, assim, surgiu o conceito de moda consciente, que, como o nome sugere, …

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Imagem: Carlos Ferreira/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior

A indústria da moda tem muita importância econômica na maioria dos países, causando grande impacto na sociedade e no planeta. Com isso em mente, algumas pessoas começaram a refletir mais sobre o funcionamento desse mercado e, assim, surgiu o conceito de moda consciente, que, como o nome sugere, busca representar uma postura lúcida em relação ao ramo.

Esse termo vem adquirindo cada vez mais popularidade, porque a informação disponível sobre o assunto aumentou e, consequentemente, os cidadãos estão analisando de modo mais crítico a cadeia produtiva daquilo que compram. Isto é, a população está começando a notar a existência de problemas como o uso de agrotóxicos nos algodoeiros, o descarte inadequado dos químicos usados no tingimento têxtil e a utilização de trabalho análogo à escravidão.

Uma falha que merece ser reconhecida é o reforço de estereótipos no universo feminino por meio das propagandas e da escassez de produtos adequados aos corpos fora do padrão imposto. Assim, elas são conduzidas a desprezarem algumas de suas características como o formato do corpo, o estilo do cabelo e o tom da pele. Segundo Joana, influenciadora digital que realiza upcycling (espécie de reutilização criativa) com roupas de brechó, ser consciente também envolve reconhecer esse problema, afinal, essa prática impacta bastante as mulheres pelo fato de a moda ainda ser muito voltada para esse grupo.

A entrevistada ainda disse que a reflexão sobre as etapas envolvidas na produção de uma roupa não é facilitada pelas empresas. Afinal, eles tentam ao máximo aumentar a praticidade e a rapidez da compra para aumentarem seus lucros. Isso aliena o consumidor, algo que facilita a perpetuação de práticas questionáveis dentro da moda.

Imagem: Carlos Ferreira/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior

Outros fatores que alimentam a manutenção desse cenário é a divulgação de ideologias da fast fashion, padrão de produção e consumo no qual os produtos são fabricados, consumidos e descartados de modo veloz. De acordo Joana, as tendências e o discurso “humanitário” de buscar democratizar o consumo com os preços baixos têm papel importante na defesa da moda rápida e, por consequência, contribuem para o alheamento da população.

Em oposição a essa postura irrefletida, está o estilo de aquisição consciente, que tem várias vantagens, diz a ativista. Há a questão ética de não estar prejudicando pessoas e nem o planeta, que além de ser um benefício coletivo, trás uma satisfação pessoal por não ser ignorante e fazer o bem. Ela também cita a economia de dinheiro, já que deixa-se de comprar bens de modo compulsivo, ou seja, adota-se o conhecido “armário cápsula”.

Vale ressaltar que existem diversas formas de aderir ao movimento. Pode-se comprar de empresas que adotam o slow fashion, recorrendo a práticas ecológica e socialmente éticas, além da possibilidade de virar um cliente de brechós, reutilizando roupas. Também há a alternativa de se usar aplicativos e redes de trocas de vestimentas, os quais desestimulam o consumo exacerbado e o descarte indiscriminado dos produtos.

Apesar desse cenário, Joana prefere focar no upcycling com uso de peças de brechós. Ela justifica a escolha a partir da crença de que essa é uma solução de longo prazo; porque sempre haverá pessoas produzindo novas roupas (de forma consciente ou não) e essas podem chegar, em algum momento, nesse tipo de comércio. Além disso, nada impede que uma peça volte ao brechó depois de ser revitalizada.

Dessa forma, ela ressalta a importância dos brechós, apesar de reconhecer alguns empecilhos enfrentados pelos clientes. Entre eles, aborda a falta de publicidade das lojas, a sua quantidade restrita em algumas cidades, o pó das peças – o qual afeta principalmente aqueles com problemas respiratórios – , o visual “não muito merchandising”, os horários de funcionamento e a presença de vestimentas majoritariamente voltadas aos público feminino.

No fim das contas, para Joana, a solução para as barreiras envolve reflexões acerca do funcionamento da indústria da moda e das ideologias propagadas por ela. É preciso que os consumidores notem como um outdoor e um look em um manequim podem influenciar na decisão da compra. Outro fator importante para a aquisição de vestimentas que se encaixem legitimamente ao estilo de alguém é o esforço por se pensar a roupa como algo agenêro. E isso tudo colaborará  para a desejada expansão da moda consciente.

Por Mayumi Yamasaki
mayumiyamasaki@usp.br

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