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Os vários aspectos do transtorno de estresse pós-traumático

Por Nathalia Giannetti (nathaliagiannetti@usp.br) O transtorno de estresse pós-traumático, também chamado de TEPT, é um transtorno bastante recente, pois foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) apenas no ano de 1994, após uma revisão do CID (Classificação Internacional de Doenças). De acordo com a professora doutora Leila Salomão, do Instituto de Psicologia da USP, …

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Por Nathalia Giannetti (nathaliagiannetti@usp.br)

O transtorno de estresse pós-traumático, também chamado de TEPT, é um transtorno bastante recente, pois foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) apenas no ano de 1994, após uma revisão do CID (Classificação Internacional de Doenças). De acordo com a professora doutora Leila Salomão, do Instituto de Psicologia da USP, “O TEPT diz respeito a algumas reações que ocorrem devido a algum trauma”. Assim, esse transtorno pode ser desenvolvido após uma experiência considerada traumática e de grande estresse, que pode ser desde algum evento específico em que houve ameaça à integridade física e mental de alguém até uma série de situações desse tipo. É possível encontrá-lo, por exemplo, em veteranos de guerra, vítimas de violência sexual, pessoas que sofreram bullying e policiais, que já presenciaram diversos atos violentos.

 

Os sintomas

Como afirmado pela professora,“Seus sintomas podem variar bastante, embora aqueles de natureza mental, como ansiedade e depressão, sejam mais comuns”. Dessa maneira, eles podem ser bem diferentes de pessoa para pessoa. Entretanto, há alguns sintomas que são frequentemente relacionados ao TEPT. O DSM- V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais 5ª edição), que se trata da mais recente edição do manual, surgiu com cinco critérios ou sintomas apresentados para que seja feito o diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático:

 

Critério A: exposição a um evento traumático, que pode ter sido vivenciado, presenciado ou  apenas algo de que se tenha tomado conhecimento, como é o caso de um policial que está trabalhando em um caso violento;

 

Critério B: trata da revivência do trauma, seja por lembranças intrusivas e involuntárias (B1), sonhos (B2) ou estados dissociativos em que a pessoa se comporta como se o evento estivesse acontecendo naquele exato momento (B3);

 

Critério C: corresponde à esquiva, em que há tentativas de evitar qualquer pensamento, situações, pessoas ou locais relacionados ao trauma;

 

Critério D:  referente às alterações negativas de cognições e humor, ou seja, à incapacidade de se lembrar de algum aspecto do ocorrido (D1), ao estado de humor negativo como raiva, culpa e vergonha (D4), ao menor interesse em atividades antes consideradas prazerosas (D5) e ao isolamento social (D6);

 

Critério E: relaciona-se com o comportamento agressivo (E1), imprudente ou autodestrutivo (E2), hipersensibilidade a ameaças potenciais, como a percepção de carros como uma ameaça após sofrer algum acidente, (E3), dificuldades de concentração (E5) e distúrbios do sono, como a insônia, (E6).

 

Além desses critérios citados no DSM-V, a doutora Leila Salomão cita a necessidade de se haver uma certa intensidade e frequência dos sintomas para que o diagnóstico seja o de TEPT. “Depende da intensidade e duração para ser chamado de TEPT, que é caracterizado por conjunto de reações prejudiciais a vida do indivíduo”, afirma.

 

Por que há pessoas que não desenvolvem o TEPT?

É possível perceber que há, por exemplo, vários veteranos de guerra que jamais chegaram a expressar qualquer um dos sintomas citados acima. A professora do IP-USP também explica: nem todos aqueles que vivenciaram algum evento traumático são capazes de desenvolver o transtorno, pois “há pessoas com uma resistência de vida ou genética”. Apesar de haver essa constatação nos campos da psicologia e psiquiatria, ainda é muito difícil determinar quais fatores são responsáveis pela predisposição de algumas pessoas ao transtorno de estresse pós-traumático, mesmo que já existam algumas teorias.

Um estudo feito pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) em 2011, por exemplo, aponta como uma das prováveis causas  a falta de cortisol (hormônio envolvido na resposta corporal ao estresse) no sangue de quem sofre com o transtorno. Já outro estudo da mesma universidade, publicado em 2012, concluiu que pessoas com relacionamentos parentais saudáveis, definidas como afetivas e pouco controladoras, apresentam menor risco de desenvolver TEPT. O DSM- V, por sua vez, cita como fatores a hostilidade do ambiente em que a pessoa vive, o histórico psiquiátrico familiar e o apoio social, além de levar em conta a possibilidade de alguns genótipos apresentarem maior resistência. Entretanto, nenhum desses estudos pode ser considerado conclusivo e ainda falta uma quantidade bastante considerável de tempo e pesquisa para se obter um resultado final.

 

Como tratar o transtorno

Em relação ao tratamento, a psicoterapia é indispensável. De acordo com a professora Leila, “independendo da intensidade, é importante aprender a lidar” e a terapia seria essencial para que isso aconteça. Há também a necessidade do uso de medicamento para tratar os sintomas relacionados a ansiedade e depressão. Assim, para obter bons resultados, é preciso “aliar as duas formas de tratamento”, finaliza a doutora.

 

Na série Jessica Jones, a protagonista possui o diagnóstico de TEPT, devido aos abusos sofridos em seu passado. Imagem: Reprodução

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