Jornalismo Júnior

Página inicial
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O peso nos ombros do atleta

Por Sabrina Brito Fama, glória, riquezas e vitórias: ser um atleta de alto nível é o sonho de inúmeros homens e mulheres ao redor do mundo. O que, no entanto, se esquece é o lado menos favorável na vida de um esportista profissional: a pressão. De acordo com Luara Lobo, psicóloga do esporte formada pela PUC-SP, …

O peso nos ombros do atleta Leia mais »

Por Sabrina Brito

Fama, glória, riquezas e vitórias: ser um atleta de alto nível é o sonho de inúmeros homens e mulheres ao redor do mundo. O que, no entanto, se esquece é o lado menos favorável na vida de um esportista profissional: a pressão. De acordo com Luara Lobo, psicóloga do esporte formada pela PUC-SP, o termo “pressão psicológica” se refere a “fatores externos e internos que estão presentes na vida de uma pessoa, de forma que possam vir a atrapalhar, de alguma maneira, a sua rotina – e, no caso dos atletas, seu desempenho em treinos e competições”.

Diferentemente do que ocorre com os esportes praticados apenas por diversão, a atividade física profissional pode estar atrelada a dinheiro, reputação e sucesso, o que envolve maiores pressões. Há casos de pessoas, por exemplo, que ganham bolsas para cursar faculdades devido ao seu bom desempenho em determinada modalidade esportiva. Assim, uma derrota envolveria não só a tristeza, mas também uma possível perda da bolsa. O nervosismo, nesses casos, toma proporções, como explicitado, significativas e acaba por influenciar diretamente na vida do indivíduo.

Enquanto o estresse pode servir como incentivo para melhorar os resultados físicos para alguns, o contrário também pode ocorrer. Sobre casos que já observou no que diz respeito aos esportistas de alto nível, Luara comenta: “O nervosismo já levou atletas a entrarem em depressão – ou seja, diante dessas situações, não conseguiram ampliar seu repertório e lidar de uma forma saudável com aquilo. E, assim, adoeceram num determinado momento”. Michael Phelps, Diego Hypolito e Rafaela Silva são apenas alguns dos vários exemplos de desportistas que entraram em estado de depressão – o que prova que, independentemente do quão consagrado uma pessoa seja, a pressão afeta todos.

A psicóloga Luara Lobo (Imagem: Arquivo pessoal)

Dessa forma, como meio de evitar a possibilidade de deterioração do bem-estar do indivíduo, a teoria da psicologia do esporte reforça a necessidade de sempre haver acompanhamento terapêutico ao praticante profissional. Além disso, valoriza-se também a necessidade de haver momentos de lazer no dia a dia do atleta, que são tão vitais quanto os períodos de treino. O essencial, segundo um consenso entre os psicólogos especializados no esporte, é encontrar um equilíbrio, o qual pode ser diferente para cada um.

Por mais que muitos encarem a pressão como algo negativo, sua presença é inevitável. Segundo Luara Lobo, ainda que não estejam presentes gatilhos externos para o estresse, como pais, treinadores ou até a imprensa, o próprio esportista exercerá uma cobrança sobre si mesmo. E é aí que entra o psicólogo. “O terapeuta atua diretamente nisso: fortalecer o atleta emocionalmente para enfrentar esse nervosismo, para evitar que essa pressão vinda de fora não se torne exacerbada a ponto de prejudicar a saúde”, diz a especialista.

A relevância do acompanhamento psicológico ao desportista tornou-se perceptível, por exemplo, na Copa do Mundo de 2014. Segundo alguns profissionais, a derrota do Brasil para a Alemanha poderia ter sido evitada ou minimizada caso a Seleção Brasileira tivesse sido acompanhada de forma mais eficiente por uma equipe de terapeutas. Na época, o presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte (CEPPE), João Ricardo Cozac, definiu como notável a perda de controle emocional do time após o primeiro gol alemão. Desse modo, evidencia-se a importância dos cuidados com o lado psicológico dos atletas tanto dentro quanto fora do momento da prática do esporte.

Ao levar em conta o fato de que o estresse sempre estará presente, o que se deve fazer é ressignificar o conceito de “pressão”. Luara acredita ser muito comum que, no início da carreira de um esportista, o frio na barriga e a vontade de se superar sejam rotineiros e muito positivos. Isso posto, resgatar esses sentimentos seria muito saudável para o atleta, pois o ajudaria a retomar o contato com aquilo que o fez se apaixonar pelo esporte.

Não são poucos os problemas enfrentados pelos atletas (Imagem: Bruno Menezes/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima