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A Palestina na América

Por Diogo Magri No dia 20 de agosto de 1920, um grupo de imigrantes árabes fundou, na cidade de Osorno, no Chile, o Club Deportivo Palestino. Noventa e cinco anos depois, em fevereiro de 2015, o mesmo Palestino recebeu o Nacional do Uruguai para um jogo em Santiago pela primeira fase da Copa Libertadores da …

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Por Diogo Magri

Equipe comemora a 1ª vitória na Libertadores, contra o Nacional (Imagem: Opera Mundi)

No dia 20 de agosto de 1920, um grupo de imigrantes árabes fundou, na cidade de Osorno, no Chile, o Club Deportivo Palestino. Noventa e cinco anos depois, em fevereiro de 2015, o mesmo Palestino recebeu o Nacional do Uruguai para um jogo em Santiago pela primeira fase da Copa Libertadores da América 2015. Mesmo com quatro títulos nacionais no passado, o confronto contra o Nacional se tornou um grande marco na história do time chileno – devido à globalização e à modernidade, agora toda a América conheceria a história e as origens do maior representante esportivo árabe no continente.

As dimensões históricas são maiores do que se imagina. O Chile é a maior colônia palestina do mundo, com cerca de 500 mil árabes ou descendentes vivendo no país. As cores do clube são as palestinas – verde, branco e vermelho, que também colorem a atual sede do clube, o Estádio Municipal de La Cisterna, no sul de Santiago. O patrocinador é o Bank of Palestina, que sequer tem filial no país sul-americano. O presidente precisa, obrigatoriamente, ter descendência árabe. Todas as partidas do clube no Campeonato Chileno são transmitidas para a Palestina, seja pela internet ou na TV, e alcançam uma audiência bem maior do que no país sul-americano.

Neste ano, para convocar os árabes a torcerem pelo Palestino na Libertadores, Mahmud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), enviou a seguinte mensagem: “Faço um chamado a todos os palestinos e pessoas que simpatizam com a nossa causa para que apoiem o Palestino, já que eles estão levando nossa mensagem de liberdade, justiça e paz onde quer que joguem.” Para eles, o modesto clube chileno é uma segunda pátria.

Somente a presença da equipe no maior campeonato sul-americano já foi épica. Quando conseguiu a classificação para a Libertadores, no Campeonato Chileno do ano passado, o Palestino tinha o menor orçamento entre todas as equipes que disputaram. Como se não bastasse só participar, na 1ª fase eliminou o Nacional do Uruguai, tricampeão e recordista de participações na competição, ao vencer por 1 a 0 no Chile e perder por 2 a 1 fora de casa.

O Palestino atuando em sua casa (Imagem: FOX Sports Brasil)

Assim, o clube foi para o grupo 5, onde brigaria por uma das duas vagas com Boca Juniors, Montevideo Wanderes do Uruguai e Zamora, da Venezuela. A estreia seria logo em casa, contra o hexacampeão e um dos clubes mais tradicionais no mundo, no dia 18 de fevereiro. O resultado correspondeu com a realidade de ambos os clubes: 2 a 0 para o Boca. O Palestino ainda perdeu e empatou com o Wanderes, venceu os dois jogos contra o Zamora (chegando a golear por 4 a 0 no Chile) e voltou a perder para o Boca na Argentina. Encerrou sua participação em 3° lugar no grupo, com 7 pontos, três atrás do Wanderes (2°) e 11 atrás do Boca Juniors, que venceu todos os seus jogos.

Os oito jogos disputados pelo Palestino nesta Libertadores não só entraram para a história do clube como também, apesar do aparente fracasso, serviram como ensinamento às outras equipes da América. “O Palestino conseguiu tal campanha graças a um estilo de jogo audacioso e completamente fora dos padrões do continente. Representou, portanto, a semente de uma possível nova mentalidade no futebol sul-americano. Muito, ou quase tudo isso, é mérito do jovem técnico argentino Pablo Guede. Um nome para ser observado com carinho no futuro.” A observação é do jornalista da Fox Sports Eugênio Leal, que acompanhou e comentou a trajetória do clube nos jogos transmitidos pela emissora.

É claro que a pequena frustração pela eliminação não superou em nenhum momento a imensa alegria sentida por palestinos e descendentes, mesmo que por singelos 3 meses. Para um povo que sofre com situações geopolíticas muito complicadas no Oriente, com genocídios e violentos grupos armados que fazem dos próprios árabes as maiores vítimas, um representante significativo na maior competição das Américas dentro do esporte mais popular do mundo adquire uma importância inimaginável. Independente de vitórias ou derrotas, o Palestino cumpre seu papel para chilenos, palestinos, admiradores do esporte e da cultura árabe. Ele é muito mais do que um clube de futebol.

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