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O abre-alas pro ensaio

Quem vê no Carnaval as escolas de samba desfilando nos sambódromos, custa a acreditar na quantidade de ensaios feitos por elas para alcançar tamanha beleza e esplendor na avenida. Em meio a grandiosidade do que é apresentado, não raro esquecemos que cada detalhe daqueles levou meses para ficar pronto, e que foi na quadra das …

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Quem vê no Carnaval as escolas de samba desfilando nos sambódromos, custa a acreditar na quantidade de ensaios feitos por elas para alcançar tamanha beleza e esplendor na avenida. Em meio a grandiosidade do que é apresentado, não raro esquecemos que cada detalhe daqueles levou meses para ficar pronto, e que foi na quadra das escolas, e nas ruas de seus bairros, que o Carnaval que conhecemos foi se moldando.

Mas, o que nem todos sabem é que os ensaios, tão necessários para a construção do espetáculo carnavalesco, acabam se tornando, eles próprios, o verdadeiro espetáculo do samba. O Sala 33 foi acompanhar um dos últimos ensaios da Escola de Samba Dragões da Real, na Zona Norte de São Paulo, e conta aqui o que rolou na quadra vermelha e branca!

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Foto: Comunicação Dragões da Real

Marcado para começar às 21hrs, o ensaio geral da escola só teve início duas horas mais tarde. Ainda assim, mesmo para quem esperava que a festa começasse mais cedo, o ânimo da escola não desapontou. Se por um lado, o horário ruim para voltar para casa preocupava, por outro, a energia que fluía do sorriso das baianas, do dançar das crianças e da atmosfera efervescente da quadra conquistava todos que ali estavam.

Fundada pela torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, a Escola de Samba Dragões da Real completa em março desse ano seu aniversário de debutante. Com 15 anos de história, a escola sai na avenida em 2015 pela quarta vez seguida no Grupo Especial, mas se engana quem acha que até hoje apenas os são paulinos frequentam o ambiente dos ensaios. Coordenadora da ala das baianas e integrante da Dragões há “três carnavais”, Elaine Rose conta que atualmente boa parte da escola não é torcedora do São Paulo. Segundo ela, essa rixa fica das portas da quadra pra fora. Na Dragões todos são bem-vindos, e talvez isso explique a quantidade de pessoas que estavam ali para presenciar a festa do samba.

Antes do ensaio propriamente dito começar, na Dragões o “esquenta” dos sambistas já era percebido. Enquanto tocavam sambas e pagodes conhecidos, era possível ver os integrantes da escola arriscarem seus primeiros passos e gingados quando, entre amigos, bebiam e comiam esperando as ordens para o início das apresentações.

Nos ensaios das quadras, a perfeição da avenida pode até não estar por completo, mas a verdadeira paixão que ecoa da bateria, essa, sem dúvida, marca presença ali. Por isso, quando finalmente a bateria começou a tocar e o samba-enredo foi ganhando vida nas vozes dos sambistas, o chão pareceu tremer e o camarote, situado longe da bateria, parecia ser o último lugar propício para se estar.

Ali, no centro da quadra, surgiram as alas que cruzariam o sambódromo em alguns dias; e ao seu redor, observando a encenação carnavalesca acontecer, os visitantes viam seus pés começarem sozinhos a dançar no ritmo do samba. O Carnaval já acontecia na Dragões da Real e os futuros foliões sabiam disso. Ficar parado no ensaio era praticamente impossível: em instantes o ambiente contagiava crianças, adultos e idosos. As meninas Julia e Maryah são a prova disso.

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Foto: Comunicação Dragões da Real

Filhas de Sueli, uma das visitantes da escola naquela noite, as duas crianças não paravam de sambar. Segundo a mãe, desde novas as meninas sempre gostaram de dançar e a visita à escola é um dos pedidos feitos frequentemente por elas. Ainda pequenas, Julia e Maryah compartilhavam do sentimento de alegria e folia com os demais presentes, sambando e dançando sem medo de passar vergonha.

Para quem está acostumado com blocos de rua e trios elétricos a experiência talvez não seja tão inovadora. O que encanta nos ensaios é a participação próxima de quem não é integrante da escola, mas é convidado a dividir espaço com aqueles. E os coordenadores da escola faziam questão de mostrar isso: frequentemente passavam ao lado dos visitantes convidando-os a estar junto com as alas enquanto elas andavam.

Já para quem nunca esteve lado a lado com uma bateria e com o sambar puramente brasileiro, vale a pena reservar uma noite na semana para desfrutar esse momento antes do próximo Carnaval começar. Na Dragões, os ensaios começam bem antes do feriado, entre os meses de outubro e novembro. Assim, se você ficou com vontade de apreciar as belezas da avenida mais de perto, não deixe de marcar na agenda pro futuro. Essa será uma das suas melhores experiências e tanto a Dragões quanto as demais escolas, estarão de portas abertas para te receber!

Por Jessica Bernardo
jessicabmarcelino@gmail.com

 

 

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